terça-feira, 20 de outubro de 2009

Igarassu: Marco da Colonização Portuguesa em Pernambuco


O primeiro registro escrito sobre as terras de Igarassu que se conhece até o momento é de 1516, quando o português Cristovão Jacques fundou a primeira feitoria em Pernambuco. A feitoria, é um local onde se armazenava produtos para embarque como o pau-brasil, foi construída às margens do Rio Igarassu. Nessa região habitavam entre outros os índios Tabajaras, dissidentes dos Potiguara. Cristovão Jacques deixou na feitoria um grupo de portugueses, para manterem contatos e aprenderem à língua dos índios. As relações com os índios, favoreceram para que durante três anos Cristovão Jacques enviassem vários navios carregados de madeira retiradas das matas do litoral para a Europa. A feitoria na época era um dos portos mais conhecidos do litoral brasileiro, onde os portugueses mantinham relações com os índios.
Alguns anos depois que foi instalada a feitoria em Igarassu, O Rei de Portugal D. João III dividiu o território brasileiro em 15 capitanias. A de Pernambuco foi doada a Duarte Coelho, que desembarcou em 09 de março de 1535 no local onde estava a feitoria, para tomar posse de sua capitania, que chamou de Nova Luzitânia. Acompanhava Duarte Coelho sua esposa Dona Brites de Albuquerque, seu cunhado Jerônimo de Albuquerque e ainda um companheiro de viagens para a Índia, o capitão português Afonso Gonçalves. Naquele local Duarte Coelho pretendia instalar uma colônia de agricultores para plantar cana e fundar um engenho de açúcar.
Os portugueses que inicialmente estabeleceram contatos com os habitantes que aqui encontraram para levar o pau-brasil e outros produtos para a Europa, invadiam e ocupavam as terras indígenas que por meio de guerras procuraram expulsar os portugueses.
O local da feitoria passou a ser chamado Sítio dos Marcos. Foi assim chamado, por existirem dois marcos de pedra. Um foi assentado por Duarte Coelho e o outro por Pero Lopes de Souza ambos tinham por finalidade demarcar os limites das capitanias de Pernambuco e Itamaracá. Esse lugar foi o primeiro núcleo da colonização, melhor dizendo da invasão portuguesa em Pernambuco, e foi inicialmente chamada povoação de Santa Cruz.
O Sítio dos Marcos estava muito próximo da Capitania de Itamaracá, e ainda não era um local muito bom para moradia e defesa dos portugueses que temiam os índios, além de ser um lugar com terrenos muito baixos e difíceis para construção. Por esse e outros motivos, Duarte Coelho seguiu viagem para o Sul em busca de um lugar melhor de instalar uma vila.
Após sua partida Duarte Coelho determinou que o Capitão Afonso Gonçalves comandasse uma expedição a procura de água potável e de um lugar para construção de um engenho de açúcar. O capitão navegou pelo Rio Jussara, como chamavam os índios. Como a expedição começou em 08 de agosto, Dia de São Domingos, o Capitão chamou o Rio de São Domingos. Nessa expedição ocorreram muitas batalhas com os índios que lutavam para expulsar os portugueses invasores.
O nome Igarassu é de origem indígena Tupi e significa “canoa grande”: IGARA=canoa; ASSU=grande. Possivelmente eram as grandes canoas utilizadas pelos índios. Ou seriam os grandes navios portugueses vistos pelos índios?
Segundo a tradição em 27 de setembro de 1535, Afonso Gonçalves teria vencido uma batalha contra os índios Caeté e em comemoração, construiu uma capela consagrada aos Santos Cosme e Damião. Em torno dessa capela surgiu a povoação com o mesmo nome. Numa carta ao Rei de Portugal D. João III em maio de 1548, Afonso Gonçalves pedia ajuda para manutenção da capela e do povoado dos Santos Cosme e Damião em Igarassu que ele fundara.
Os índios Caeté continuavam as guerras para expulsão dos portugueses invasores de suas terras. Os índios cercaram a povoação de Igarassu por vários meses e o Capitão Afonso Gonçalves foi morto por uma flechada. Em socorro a Igarassu, Duarte Coelho contratou um navio bombardeio sob o comando do alemão Hans Staden. O conflito findou com a derrota dos índios que foram obrigados a fugir.
No ano de 1564 o Rei de Portugal elevou o povoado a categoria de vila, que passou a ser chamada Vila de Santa Cruz ou vila dos Santos Cosme e Damião, quando foram então criados os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A partir daquela data a vila passava a ter autonomia pública, administrativa e econômica.
Em 1594 foi criada a Freguesia dos Santos Cosme e Damião, que passou a ser um município autônomo em 28 de fevereiro de 1893, por meio da Lei Orgânica nº. 52, tendo sido o seu primeiro prefeito eleito o Coronel Luiz Scipião de Albuquerque Maranhão.
Por meio de um Projeto de Lei apresentado pelo deputado Mário Melo aprovado em 26 de setembro de 1935, a cidade de Igarassu passou a ser considerada monumento público estadual.
Para proteger e restaurar o rico acervo existente em Igarassu em 10 de outubro de 1972, o Governo Federal, por meio do IPHAN, tombou o conjunto arquitetônico da nucleação histórica da cidade.




Texto: Fernando Fernandes de Melo - Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu.