terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A IMPRENSA EM IGARASSU

Antes da criação de um órgão regular para divulgação das notícias em nossa cidade, apenas alguns poucos cidadãos aqui residentes, recebiam em suas casas, e às vezes com dias de atraso, os principais periódicos da capital.
Outra forma de circulação das informações eram as correspondências trazidas pelos correios, telégrafos ou, ainda, as comunicações entre os órgãos oficiais.
A história da imprensa em Igarassu, ao contrário de muitos municípios de Pernambuco, começou tardiamente, só no segundo quartel do século XX, mais precisamente em 1918, quando aqui surgiu o Jornal “PALAVRA DE IGUARASSU”, que parece ter tido duração efêmera.
O periódico era manuscrito e de circulação mensal, tendo como redator o Sr. Severino Ramos Bezerra, de quem nada conseguimos averiguar.
Com o encerramento das atividades da “Palavra de Iguarassu”, nenhum movimento surgiu para impulsionar a criação de um novo noticiário escrito em nossa cidade.
As informações que possuímos hoje, referente aquele período de nossa história, nos advêm dos diários de João Baptista Bezerra de Mello Filho, que pacientemente, registrou tudo que acontecia de interessante em nosso município.
Na verdade, só depois de 34 anos, em 1952 é que, de novo, o município teria a circulação de um periódico.
Desta feita, um grupo de abnegados igarassuenses fundaram a “VOZ DE IGARASSU”, que iniciou suas atividades em 16 de novembro de 1952, como órgão independente e noticioso, tendo como diretores os senhores Walfrido Uchôa Cavalcanti e José Eduardo da Silva Brito.
O jornal, ligado ao grupo político do Dr. Paulo Guerra, tinha publicação mensal e circulou até o dia 12 de março de 1961, quando encerrou suas atividades.
Nesse meio termo, graças ao acirramento da política local, o Dr. Nelson Andrade de Oliveira, proprietário, industrial e líder da UDN local, fundou aos 20 de março de 1955, o “CORREIO DE IGARASSU”, concorrente direto da “VOZ DE IGARASSU”. O jornal era publicado mensalmente e circulou por mais de quatro anos.
Ainda em 1955, em resposta a criação do Correio de Igarassu, surgiu o jornal “JUVENTUDE EM MARCHA”, que se auto-proclamava como sendo “um grito contra a corrupção”. O periódico era de circulação mensal, não indicando que eram os seus redatores, tendo sido publicado pela primeira vez aos 09 de julho do já citado ano.
Anos mais tarde, em 1957, o senhor José Américo de Morais colocava em circulação o jornal “O POVO”, que se apresentava como uma opção jornalística para os aficionados pelas notícias locais. O periódico circulava mensalmente e apresentava notícias sobre sociedade, política, esportes e economia.
Mas nem só de política, economia e sociedade vivia a imprensa local. Em 1958 foi fundado por um grupo de abnegados carnavalescos, tendo a frente o senhor Guilherme Jorge Paes Barrêtto, o jornal “O GERERÊ”, órgão dependente e venenoso da imprensa local, com circulação durante o período momesco e cuja principal linha jornalística era a galhofa, o sarcasmo e a irreverência.
Sua publicação, segundo informações colhidas, era esperada com ansiedade pela comunidade local.
Outro jornal de vida efêmera foi a “TRIBUNA DAS NORMALISTAS”, ligado ao Grêmio Cultural 27 de Setembro da Escola Normal Regional de Igarassu. O periódico era de circulação mensal tendo saído seu primeiro número aos 20 de dezembro de 1958.
O ano de 1959 foi de eleições para o cargo de Prefeito e, o grupo ligado ao PSD local, liderado pelo então deputado Paulo Guerra, lançaram em 17 de maio, o jornal “A LUTA”, cujo objetivo maior era divulgar e defender as candidaturas de Múcio Bandeira e Barrêtto, respectivamente aos cargos de prefeito e vice.
Já na década de 60, mais precisamente aos 26 de novembro de 1961, um grupo de jovens políticos liderados pelo senhor Severino Tavares Uchôa, líder dos estudantes secundaristas no litoral norte, criaram o jornal “A JUVENUDE”, que tinha por finalidade defender as suas idéias perante a nossa comunidade. Tinha circulação mensal e suas atividades foram encerradas em 17 de março de 1962.
Anos mais tarde, aos 30 de setembro de 1965, de novo liderados pelo senhor Severino Tavares Uchôa, um grupo de igarassuenses criaram um periódico intitulado “VOZ DO MUNICÍPIO”. Era de circulação mensal e abordava notícias de cunho sócio-políticas.
Depois desse periódico, o município ficou 18 anos sem a circulação de um jornal que fosse a voz de sua gente, onde os munícipes pudessem conhecer o que estava acontecendo e, ao mesmo tempo denunciar as irregularidades ou organizar a luta contra as injustiças.
A iniciativa de organização de um novo periódico coube ao vereador Severino Oliveira que, em setembro de 1983, quando Igarassu comemorava seus 448 anos de fundação, lançou “O VIGILANTE”, que tinha por meta ser os olhos da comunidade contra a corrupção e injustiças que pairavam sobre nossa gente. O jornal era de circulação mensal e, infelizmente teve vida efêmera, tendo encerrado suas atividades em dezembro do mesmo ano.
Finalmente, o poder público municipal, tendo a frente o prefeito Jurandir Bezerra Lins, atendendo as necessidades de a edilidade possuir um hábil meio de comunicação com a população, lançou o “JORNAL DE IGARASSU”, que iniciou suas atividades em Janeiro de 1984, circulando mensalmente com notícias sociais, culturais, políticas e esportivas do nosso município. Seus primeiros diretores foram os jornalistas Petronilo Santa Cruz e Paulo Gustavo, seguindo-se Alcântara de Morais e depois, José Américo de Morais. O periódico encerrou suas atividades aos 04 de julho de 1990, na administração do Dr. Joaquim Pessoa Guerra.
Fazendo oposição ao Jornal de Igarassu, em abril de 1986, surgia a “TRIBUNA DO POVO DE IGARAÇU” – órgão independente e noticioso, ligado ao grupo político do então vereador Severino de Souza – Ninho. O periódico teve vida efêmera e tinha como editor chefe o jornalista José Florentino da Silva – Zeca Florentino. O jornal circulou dando ênfase as notícias políticas e sócias.
Outro periódico que marcou época em nosso município foi a “FOLHA DE IGARASSU” que começou a circular aos 30 de maio de 1987. O jornal apresentava-se como órgão defensor da comunidade tratando de temas ligados a política, economia e sociedade. Seu diretor era o jornalista José Américo de Morais, sendo seu editor o também jornalista Josias Florêncio, mais conhecido como quarentinha. Suas atividades foram encerradas aos 31 de julho de 1990.
Tempos depois, circularia na cidade um novo periódico “A NOTÍCIA”, auto denominando-se como “um jornal a serviço de Igarassu”. Sua circulação teve início em novembro de 1992, sendo seu editor chefe o jornalista José Américo de Morais. O jornal possuía ainda uma secretaria ocupada pelo professor Celso Oliveira e uma diretoria comercial, cujo titular era o Sr. Ronaldo Gomes. Seu último número circulou aos 10 de março de 1995.
Com o encerramento das atividades de “A Notícia”, Igarassu volta a ficar sem um jornal que levasse a sua gente as notícias de tudo que estava acontecendo no nosso município.
Visando solucionar o problema, dois grandes abnegados da imprensa matuta, José Américo de Morais e Eudes Pereira, resolveram reorganizar e colocar em circulação o “JORNAL DE IGARASSU”, que tanto sucesso havia feito entre os habitantes locais, tornando-se uma referência no litoral norte pernambucano.
O jornal com um novo e arrojado visual, entrou em circulação em janeiro de 1996. A proposta continuava sendo a de informar com imparcialidade tudo que estava acontecendo, agora não só em nossa urb, mas, no estado, no país e no mundo. Mesmo com a experiência de tantos anos a frente de diversos periódicos, não foi fácil para Zé Américo e Eudes, manter e consolidar o jornal. As dificuldades eram imensas, mas, aos poucos, todas foram galgadas.
Em 1999, visando ampliar o espaço de atuação e penetração do jornal, José Américo e Eudes, decidem numa excelente jogada de marketing, mudar o nome do periódico para “GRANDE RECIFE”, cujo primeiro número circulou em maio daquele ano.
De lá para cá, o GRANDE RECIFE, apesar das crises que nossa economia passou e, a imprensa matuta passa, o jornal vem se consolidando como um dos mais importantes da região metropolitana do Recife.


Guilherme Jorge Paes Barretto Neto - é Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu e do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

São Benedito do Sul / PE


Uma rápida visita pelo Município de São Benedito do Sul os membros do Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu desafiaram a selvagem Cachoeira de Periperi, um presente da natureza para a humanidade e muito bem presevado.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Quipapá / PE


Na passagem pelo municipio de Quipapá, no dia 18 de outubro de 2009, os membros do Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu, descobriram um lugar agradável e exuberante, trata-se do Engenho Laje Bonita, que possui uma rarissima Roda d'agua Inglesa utilizada para movimentar a moenda, além do parque aquático abastecido pelas águas do Rio Duas Barras. O Local é recomendado para alguns aulas de História, associada a momentos de lazer.

Panelas / PE


A cidade de Panelas, conhecida pela farmosa corrida do Jumento, recebeu no dias 17 e 18 de outubro de 2009, a visita dos membros do Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu, que deslocaram-se para um mirante no alto do cruzeiro e presenciaram um magnifico por do sol, acompanhado de uma exuberante vista da cidade.

São Joaquim do Monte / PE


Uma comitiva de membros do Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu visitou no dia 17 de outubro de 2009,O Santuario de Frei Damião, localizado no municipio de São Joaquim do Monte, no agreste pernambucano. O Local situado no alto de uma colina, além de possuir uma vista deslumbrante da região, é aconselhado para visitantes a procura de turismo religioso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Exposição Itinerante sobre Igarassu

O Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu dispõe de uma exposição itinerante com paineis fotograficos, relatando os atrativos Históricos, Naturais e Culturais de Igarassu. Diversas Escolas, Faculdades e Instituições já receberam a exposição, e esplanaram o sucesso durante a visitação.
Agendamento da Exposição pelo E-mail: Instituto-historico@ig.com.br

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Igarassu: Marco da Colonização Portuguesa em Pernambuco


O primeiro registro escrito sobre as terras de Igarassu que se conhece até o momento é de 1516, quando o português Cristovão Jacques fundou a primeira feitoria em Pernambuco. A feitoria, é um local onde se armazenava produtos para embarque como o pau-brasil, foi construída às margens do Rio Igarassu. Nessa região habitavam entre outros os índios Tabajaras, dissidentes dos Potiguara. Cristovão Jacques deixou na feitoria um grupo de portugueses, para manterem contatos e aprenderem à língua dos índios. As relações com os índios, favoreceram para que durante três anos Cristovão Jacques enviassem vários navios carregados de madeira retiradas das matas do litoral para a Europa. A feitoria na época era um dos portos mais conhecidos do litoral brasileiro, onde os portugueses mantinham relações com os índios.
Alguns anos depois que foi instalada a feitoria em Igarassu, O Rei de Portugal D. João III dividiu o território brasileiro em 15 capitanias. A de Pernambuco foi doada a Duarte Coelho, que desembarcou em 09 de março de 1535 no local onde estava a feitoria, para tomar posse de sua capitania, que chamou de Nova Luzitânia. Acompanhava Duarte Coelho sua esposa Dona Brites de Albuquerque, seu cunhado Jerônimo de Albuquerque e ainda um companheiro de viagens para a Índia, o capitão português Afonso Gonçalves. Naquele local Duarte Coelho pretendia instalar uma colônia de agricultores para plantar cana e fundar um engenho de açúcar.
Os portugueses que inicialmente estabeleceram contatos com os habitantes que aqui encontraram para levar o pau-brasil e outros produtos para a Europa, invadiam e ocupavam as terras indígenas que por meio de guerras procuraram expulsar os portugueses.
O local da feitoria passou a ser chamado Sítio dos Marcos. Foi assim chamado, por existirem dois marcos de pedra. Um foi assentado por Duarte Coelho e o outro por Pero Lopes de Souza ambos tinham por finalidade demarcar os limites das capitanias de Pernambuco e Itamaracá. Esse lugar foi o primeiro núcleo da colonização, melhor dizendo da invasão portuguesa em Pernambuco, e foi inicialmente chamada povoação de Santa Cruz.
O Sítio dos Marcos estava muito próximo da Capitania de Itamaracá, e ainda não era um local muito bom para moradia e defesa dos portugueses que temiam os índios, além de ser um lugar com terrenos muito baixos e difíceis para construção. Por esse e outros motivos, Duarte Coelho seguiu viagem para o Sul em busca de um lugar melhor de instalar uma vila.
Após sua partida Duarte Coelho determinou que o Capitão Afonso Gonçalves comandasse uma expedição a procura de água potável e de um lugar para construção de um engenho de açúcar. O capitão navegou pelo Rio Jussara, como chamavam os índios. Como a expedição começou em 08 de agosto, Dia de São Domingos, o Capitão chamou o Rio de São Domingos. Nessa expedição ocorreram muitas batalhas com os índios que lutavam para expulsar os portugueses invasores.
O nome Igarassu é de origem indígena Tupi e significa “canoa grande”: IGARA=canoa; ASSU=grande. Possivelmente eram as grandes canoas utilizadas pelos índios. Ou seriam os grandes navios portugueses vistos pelos índios?
Segundo a tradição em 27 de setembro de 1535, Afonso Gonçalves teria vencido uma batalha contra os índios Caeté e em comemoração, construiu uma capela consagrada aos Santos Cosme e Damião. Em torno dessa capela surgiu a povoação com o mesmo nome. Numa carta ao Rei de Portugal D. João III em maio de 1548, Afonso Gonçalves pedia ajuda para manutenção da capela e do povoado dos Santos Cosme e Damião em Igarassu que ele fundara.
Os índios Caeté continuavam as guerras para expulsão dos portugueses invasores de suas terras. Os índios cercaram a povoação de Igarassu por vários meses e o Capitão Afonso Gonçalves foi morto por uma flechada. Em socorro a Igarassu, Duarte Coelho contratou um navio bombardeio sob o comando do alemão Hans Staden. O conflito findou com a derrota dos índios que foram obrigados a fugir.
No ano de 1564 o Rei de Portugal elevou o povoado a categoria de vila, que passou a ser chamada Vila de Santa Cruz ou vila dos Santos Cosme e Damião, quando foram então criados os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A partir daquela data a vila passava a ter autonomia pública, administrativa e econômica.
Em 1594 foi criada a Freguesia dos Santos Cosme e Damião, que passou a ser um município autônomo em 28 de fevereiro de 1893, por meio da Lei Orgânica nº. 52, tendo sido o seu primeiro prefeito eleito o Coronel Luiz Scipião de Albuquerque Maranhão.
Por meio de um Projeto de Lei apresentado pelo deputado Mário Melo aprovado em 26 de setembro de 1935, a cidade de Igarassu passou a ser considerada monumento público estadual.
Para proteger e restaurar o rico acervo existente em Igarassu em 10 de outubro de 1972, o Governo Federal, por meio do IPHAN, tombou o conjunto arquitetônico da nucleação histórica da cidade.




Texto: Fernando Fernandes de Melo - Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Igarassu.